segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Pobreza , desigualdades e mobilidades social no Brasil e America Latina

 Pobreza , desigualdades e mobilidades social no Brasil e America Latina

Adriana Maria Tonini (UFMG)
Denise Maria Maia (UFPR)
Igor Zanoni Carneiro Leão (Unicamp)
ddenimaia@yahoo.com.br
A abordagem da questão da pobreza no Brasil relaciona aspectos ligados à questão
da informalidade e problemas correlatos, tais como se apresentam na longa crise
econômica brasileira. A persistente desigualdade face ao distanciamento dos discursos
políticos e a resolução dos problemas de sobrevivência de grupos desprotegidos é
preocupação que ultrapassa o conjunto dos estudiosos e dos governantes. Há um
entendimento de que a persistência da pobreza, estreitamente vinculada às questões da
sobrevivência, sintetiza diversos problemas nacionais e revela as dificuldades em
implantar iniciativas capazes de alterar este quadro. A desigualdade por sua vez é uma
característica da história latino-americana, especialmente a brasileira.
O presente texto discute a pobreza, a desigualdade e a exclusão social no Brasil e
na América Latina. Utiliza para isto alguns estudos realizados na década de noventa e
início da atual, entre os quais destacamos o da economista Sonia Rocha. Parte-se
inicialmente da questão da pobreza e seus entendimentos para então focar as
possibilidades de mobilidade social desta população. Entender a heterogeneidade da
pobreza é requisito para a formulação e implantação de um conjunto mais complexo de
políticas públicas, pois sua redução passa necessariamente por mudanças estruturais.
Aborda-se criticamente o agravamento das condições de inserção no mercado de
trabalho.
Chama-se a atenção para o fato de que o mercado de trabalho vem exigindo
trabalhadores com maior nível de escolaridade, reduzindo drasticamente o número de
ocupados de menor qualificação. Associa-se a problemática à formação econômica
brasileira relacionando os desequilíbrios sociais, setoriais e regionais bem como a sua
interação com os países vizinhos. Todavia, há uma insistência demasiada em políticas
focalizadas ao invés de universais. Isto pode levar perigosamente, numa época de
contenção do gasto público, a privilegiar gastos com educação de jovens e crianças em
detrimento de gastos com previdência piorando a qualidade de vida dos mais velhos num
país onde a expectativa de vida tem crescido.
Os desequilíbrios sociais se agravaram como se percebe por vários indicadores
como o aumento das populações marginais nas cidades e os desníveis de renda da
população empregada na agricultura em relação à empregada na indústria. Isto indica
uma incapacidade dos setores dinâmicos da economia de criar emprego em ritmo capaz
de absorver as massas crescentes da população em idade ativa. As transformações
produtivas posteriores tampouco se deram com maior equidade. O notável avanço da
ciência e da tecnologia não foi acompanhado no plano existencial, sequer para superar a
pobreza. A desalentadora situação social vai além da crise econômica e de recursos para
investimentos compensatórios. Tem raízes também na deterioração do sistema
democrático além dos estilos de desenvolvimento que condicionam o grau em que se
gera a pobreza. Procura-se identificar a ligação entre a possibilidade de mobilidade social
para grandes parcelas da população e as políticas públicas focalizadas ligadas à melhoria
da educação.
As considerações finais expressam a incapacidade das políticas compensatórias de
modificar os condicionantes da pobreza e da desigualdade. Trata ainda da necessidade
de estudos que incluam a inserção dos não pobres, aqueles cuja diminuição da renda
disponível obriga a lutarem pela manutenção da própria dignidade

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