Introdução sobre fraudes científicas
No fim de 2009, hackers invadiram um servidor da Universidade de East Anglia, no Reino Unido, e roubaram cerca de três mil e-mails que ao serem divulgados puseram em dúvida a atitude dos climatologistas defensores da tese de que oaquecimento global é causado pela ação humana. O caso que ficou conhecido como "climagate" reacendeu o debate sobre a ética científica e mostrou que muitos cientistas não são nem um pouco santos quando se trata de defender seus argumentos.
Mas o climagate não só colocou sob suspeita a ideia de que as mudanças climáticas têm causas antropogênicas como trouxe de volta o fantasma de fraudes e embustes que já assombraram as grandes descobertas feitas pela ciência. Ao longo dos séculos essas tentativas de fazer trotes científicos só serviram para alimentar os argumentos daqueles que se opõem às principais teorias, como o evolucionismo. Nas próximas páginas, conheça quais foram dez das maiores fraudes científicas que colocaram em risco a credibilidade de investigações sérias.
Mas o climagate não só colocou sob suspeita a ideia de que as mudanças climáticas têm causas antropogênicas como trouxe de volta o fantasma de fraudes e embustes que já assombraram as grandes descobertas feitas pela ciência. Ao longo dos séculos essas tentativas de fazer trotes científicos só serviram para alimentar os argumentos daqueles que se opõem às principais teorias, como o evolucionismo. Nas próximas páginas, conheça quais foram dez das maiores fraudes científicas que colocaram em risco a credibilidade de investigações sérias.
Galinha-dinossauro
![]() Reprodução Ilustração do que seria o Archaeoraptor segundo a revista National Geographic |
Cópia falsa
Clonar um ser humano teria deixado de ser ficção científica em 2004 se o veterinário Woo-Suk Hwang, da Universidade Nacional de Seul (Coréia do Sul), não estivesse trapaceando. O cientista coreano anunciou que havia clonado o primeiro embrião humano, abrindo as portas para uma revolução na medicina. Sua proeza, que ao longo de um ano teria resultado em mais 11 clones, e 11 linhagens de células-tronco, foi ratificada pela Science, uma das mais importantes revistas científicas do mundo. Hwang virou uma celebridade, foi condecorado e considerado herói nacional, além de receber milhões de dólares para suas pesquisas. Mas pouco tempo depois, denúncias de erros éticos cometidos por Hwang levaram a uma investigação que concluiu que ele não havia clonado nenhum embrião humano, nem células-tronco embrionárias. O máximo que Hwang havia conseguido foi criar Snuppy, o primeiro cachorro clonado. A farsa foi construída usando embriões comuns, obtidos a partir da compra de óvulos e da coação da sua equipe, e montagens fotográficas.
Água benta
Elementos sob suspeita
Em 1999, o físico Victor Ninov anunciou a criação em laboratório de dois novos elementos químicos: o 116 e o 118, que seria o elemento químico mais pesado e ganharia o nome de "ununoctium". Mas ninguém conseguiu reproduzir o experimento e numa investigação concluiu-se que o físico havia forjado os resultados. Ninov trabalhava na época para oThe Ernest Orlando Lawrence Berkeley National Laboratory, pertencente ao governo norte-americano, e já era famoso por junto com sua equipe ter obtido os elementos químicos 111 e 112. As investigações mostraram que Ninov havia inserido falso dados na pesquisa e ele foi demitido em 2001. O cientista afirmou ser inocente e que nunca teve a intenção de cometer qualquer tipo de embuste. Ele alegou ser um bode expiatório e que o processo que resultou em sua demissão fazia parte de um complô internacional contra suas pesquisas.
Supercondutividade fraudulenta
![]() ©iStockphoto.com/Frenchmen77 |
Design inteligente

A tribo dos Krippendorf
James Krippendorf é um fictício professor de antropologia vivido por Richard Dreyfuss no filme "A Tribo dos Krippendorf" (1998). Na película, ele fantasia sua família como habitantes primitivos de uma tribo da Nova Guiné, para justificar a verba que recebeu do governo para suas pesquisas. Isso foi mais ou menos o que o governo filipino fez nos anos 70 e que acabou levando na conversa (mais uma vez) a National Geographic e a BBC, entre outras. Segundo foi noticiado na época, uma comunidade "perdida", chamada de tribo Tasaday, havia sido encontrada nas Filipinas. Seus habitantes viviam como na Idade da Pedra, com hábitos e comportamentos pré-históricos, na ilha de Mindanao. Atropólogos fizeram expedições para conhecer o misterioso povo Tasaday, que estaria isolado há pelo menos dois mil anos e não conhecia a agricultura. Detalhes de sua cultura, como a alimentação, seus rituais e sua linguagem, foram revelados ao mundo. A tribo Tasaday ficou famosa, com visitantes e pesquisadores ilustres querendo conhecê-la e reportagens e documentários contando sua fantástica história para o mundo. O problema é que a tribo foi uma invenção do governo filipino, então sob a tirania de Ferdinand Marcos. Somente após a queda de Marcos, em 1986, foi possível descobrir que a tribo era uma farsa. Sem as restrições governamentais, os antropólogos puderam verificar que os pré-históricos Tasaday não moravam em cavernas e usavam jeans e camisetas enquanto não estavam fingindo ser homens da Idade da Pedra.
Bebês-coelhos

© Thomas Stange / iStock
No século 18, os médicos reais eram muito respeitados e considerados homens da ciência. Por isso, quando um dos médicos do Rei George, da Inglaterra, narrou o caso da mulher que deu a luz a 16 coelhinhos as pessoas não só acreditaram como ficaram estupefatas com o acontecimento. A mulher em questão era Mary Toft que ficou grávida em 1726 e logo sofreu um aborto. Só que Mary tinha fascinação por coelhos e alegou que tinha dado a luz a 16 desses bichinhos. Vários cirurgiões foram chamados para analisar o caso, inclusive vários médicos da realeza britânica. À medida que cada um confirmava a história dela, o ceticismo do rei cedia e Mary acabou indo para Londres para ter seu caso mais profundamente analisado pelos cientistas. Mas a mamãe coelha não resistiu muito tempo e logo confessou a farsa. Ela acabou presa por fraude e a comunidade médica britânica perdeu boa parte de sua credibilidade.
O gigante de Cardiff

Reprodução
Será que era o Golias?
O gigante de Cardiff é a típica fraude que logo é desmascarada pela ciência mas que, mesmo assim, permanece como uma "verdade" para boa parte da população. Em outubro de 1869, um fazendeiro da região de Cardiff, no Estado de Nova York (EUA), alegou ter descoberto em suas terras o "fóssil" de um homem gigante de cerca de três metros de altura petrificado. Muitos religiosos acreditavam ser esta a prova de que nos tempos pré-diluvianos esses gigantes existiram de fato, como na narrativa bíblica de Davi e Golias. Os cientistas logo constataram que tratava-se de uma peça esculpida em gesso e enterrada no local alguns anos antes. Mas isso não impediu que as pessoas de várias partes viajassem até Nova York e pagassem ingresso para ver o gigante de Cardiff, uma "prova verdadeira" dos relatos bíblicos.
O homem de Piltdown

©iStockphoto.com/Illustration by Dennis Cox
Ele definitivamente não era o elo perdido
Este foi o maior e mais duradouro embuste da história da ciência moderna. No começo do século 20, o geólogo britânico Charles Dawnson teria encontrado o elo perdido, a prova definitiva da Teoria da Evolução, de Charles Darwin. Mas a paleontologia e a antropologia são os campos científicos onde as fraudes mais prosperaram e este é o maior exemplo. Em 1912, Dawson apresentou à comunidade científica um crânio que ele teria encontrado em uma mina de cascalho em Piltdown, na Inglaterra. O fóssil revelava uma espécie desconhecida na evolução humana e preenchia exatamente o elo evolutivo entre os macacos e o homem. Somente quatro décadas após a descoberta, a fraude foi revelada. O avanço tecnológico permitiu identificar que o fóssil do "homem de Piltdown" era o resultado da junção de um crânio humano com a mandíbula de um orangotango. Não se sabe se o crânio fraudulento foi preparado pelo próprio Dawson, que morreu em 1916, ou se ele apenas o encontrou e também foi enganado pela armação.
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