
Aspectos da mineração de metais na Idade Moderna (Agrícola, 1950 apud Bateman, 1968) |
"Our entire society rests upon - and is dependent upon - our water, our land, our forests, and our minerals. How we use these resources influences our health, security, economy and well being."
(discurso do Presidente John Fitzgerald Kennedy, no Senado Americano em 23 de fevereiro de 1961).
(Craig et al., 2001) |
Embora os minerais são utilizados pelo homem desde a Antigüidade, somente em tempos mais recentes é que a Mineralogia foi reconhecida como uma ciência.
Na Idade da Pedra o homem já utilizava os minerais, principalmente, em registros de pinturas rupestres de cavernas, onde era utilizada a hematita (pigmentos avermelhados) e a pirolusita (pigmentos pretos).
Substâncias como o ouro nativo, malaquita, lápis-lazúli e esmeralda, já eram conhecidas, comercializadas e utilizadas pelas civilizações do vale do rio Nilo, na África, há cerca de 5.000 antes do Presente.
A arte da mineração, nos registros arqueológicos, já era amplamente conhecida pelas civilizações chinesa, babilônia, egípcia e grega. Além do ouro nativo, cobre nativo e prata nativa, as civilizações da Antigüidade já conheciam jazimentos ricos em combinações de substâncias ricas em cobre, estanho e ferro e, assim, aprenderam a extrair, fundir e processar esses minerais para forjar suas armas e instrumentos úteis em seu dia-a-dia. Também coletavam pedras coloridas que, por sua beleza, os deixavam maravilhados.
Surgiu, então, na antiga Grécia, com Platão ( 427 a.C. – 347 a.C.) e Aristóteles ( 384 a.C. – 322 a.C), os primeiros estudos relacionados às substâncias cristalinas. Seguiram-nos o grego Theophrastus ( 372 a.C. – 287 a.C.) que descreveu as primeiras 16 espécies mineralógicas. Após, o romano Plínio Gaio – “o Velho” ( 23 - 79), que escreveu quatro tratados em que trazia todo o conhecimento a respeito dos minerais na época. Na Idade Média o Ocidente entrou em franco declínio científico, devido à Inquisição, vindo, então, o Oriente, que assimilou a cultura grega e indu ascendendo cientificamente. Destacou-se o médico árabe Avicenna ( 980 - 1037) que publicou o “Tratado das Pedras”, fazendo a primeira classificação taxonômica dos minerais conhecidos à época.
Assim, em decorrência dessa treva cultural estabelecida durante a Idade Média, o estudo dos minerais ficou restrito, por um longo período, apenas a especulações sobre propriedades mágicas que as pedras teriam. A Química se restringia apenas a estudos limitados e primordiais da alquimia. Contudo, já se dava nomes primitivos às minas e às pedras.
A partir do final da Idade Média, no século XVI, surgiu na literatura européia o trabalho do médico da Bohêmia, Georgius Agrícola ( 1494 - 1555), denominado De Re Metallica, considerado um marco para a emergência da mineralogia como ciência. O eminente cientista versou sobre as práticas mineiras aplicadas na Alemanha e Itália e propôs uma classificação das substâncias cristalinas em relação aos jazimentos em que elas se formavam. Logo a seguir, estudando relações de cristais de quartzo e hematita, o médico dinamarquês Niels Stensen (Nicolas Steno) ( 1638 - 1686) enunciou em 1669, a Lei da Constância dos Ângulos Diedros. Ele notou que a despeito da origem, tamanho ou hábito, os ângulos entre as faces correspondentes são sempre constantes. Estava sendo embasado o que viria a ser uma nova ciência: a Mineralogia. Na Rússia surgiu um dos maiores expoentes da Mineralogia, o químico Mikhail Vassilievich Lomonósov ( 1711 - 1765), que formulou a Teoria da Estrutura Cristalina das Substâncias. Em 1784, René J. Haüy ( 1743 - 1822) mostrou que os cristais são construídos por ínfimos blocos, que ele chamou de “moléculas integrais”, que correspondem a conceito de celas unitárias da cristalografia moderna. Mais tarde desenvolveu a teoria dos índices racionais das faces cristalinas. Na Alemanha surgiu a Escola de Freiberg, encabeçada por Abraham Gottlob Werner ( 1750 – 1817), que influenciou o desenvolvimento da mineralogia em todos os países da Europa Ocidental.
No início do século XIX, em Londres, William Hyde Wollaston ( 1766 - 1828) inventou o goniômetro de reflexão que permitiu medidas precisas da posição das faces dos cristais, tornando a cristalografia em uma ciência exata. Em meados do século XIX, a mineralogia constitui-se definitivamente como a ciência dos minerais. Separou-se as rochas, até então consideradas minerais, e passou-se a considerar os minerais isoladamente como indivíduos cristalinos, com estudos precisos sobre as formas cristalográficas e das características físicas e químicas através das primeiras análises químicas completas dos minerais. O mineralogista russo Nicolai Yvanovich Koksharov ( 1818 - 1893) fez a primeira sistematização dos minerais utilizando-se de critérios descritivos e parâmetros matemáticos dos cristais. Somente a partir do estabelecimento do Sistema Periódico dos Elementos, pelo químico russo Dimitri Mendeleyév ( 1834 - 1907), é que se conseguiu classificar quimicamente as substâncias cristalinas. Começou-se, então, a se esboçar a mineralogia moderna.
Em 1828, o físico escocês, William Nicol ( 1770 - 1851) inventou uma lente à luz polarizada que permitiu o estudo ótico sistemático em substâncias cristalinas, o que tornou o microscópio à luz polarizada, em uma ferramenta fundamental na mineralogia. No final do século XIX, o mineralogista russo Evegne S. Fedorov ( 1853 - 1919) e o físico alemão Arthur Moritz Schönflies ( 1853 - 1928), quase simultaneamente, desenvolveram teorias sobre ordem e simetria interna dos cristais que constituíram a fundação dos trabalhos de cristalografia por raios-x. Em 1912, a difração de raios-x tornou-se um método poderoso no estudo dos minerais, através de estudos do cristalógrafo alemão Max Von Laue ( 1879 - 1960), e em 1914, pela primeira vez uma estrutura cristalina é determinada por difração, pelos físicos ingleses William Henry Bragg ( 1862 - 1942) e William Lawrence Bragg ( 1890 - 1971).
A partir de 1960 o estudo da química mineral, em microescala, foi possível com o advento da microsonda eletrônica, dotada de feixes de elétrons, que pode fornecer análises in situ e em grãos tão pequenos quanto um micrometro (0,001 mm). Desde 1970, outros instrumentos com feixes de elétrons podem magnificar a arquitetura interna dos minerais, milhões de vezes, com imagens da estrutura atômica, tais como os Microscópio Eletrônico de Transmissão (TEM) e o Microscópio Eletrônico de Transmissão de alta resolução (HRTEM).
Atualmente, a ciência dos minerais inclui uma série de estudos a partir da difração de raios-x, difração de nêutrons, síntese mineral, estabilidade termodinâmica, petrografia experimental e aspectos da metalurgia e novos materiais.
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